Histórias de Maldek e o Sistema Solar
"THROUGH ALIEN EYES - Através de Olhos Alienígenas", escrito por Wesley W. Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO.
SHARMARIE - UM MARCIANO
“Somos
o produto de milhões de anos de vidas. O que sabemos daqueles tempos
determina quais emoções misturamos com nossos pensamentos e energiza os
símbolos de nossos sonhos. Nossas experiências pessoais de vidas passadas fazem
com que sejamos diferentes assim como os flocos de neve são diferentes uns dos
outros. Devo então dizer isto: como você solicitou as visões de muitos seres,
pode contar que ouvirá a mesma melodia quando eles cantarem sua canção, embora
as letras de algumas nem sempre rimem com as que são entoadas por outras vozes
do coro.
Sou
Sangelbo de Temcain.”
Em minha primeira vida humana, meus pais eram pastores da tribo nômade
Shem. Minha mãe, Scenra, era a única companheira de alma de meu pai,
Ari-lionent, embora o costume do El do meu mundo seja de uma a sete
companheiras de alma para cada homem. Meu pai foi morto durante um embate com a
tribo habitante das montanhas de meu mundo, a qual chamávamos naquela época de
Burrs. Minha mãe tornou-se, assim, uma viúva muito jovem, com cerca de 23 anos
terrestres. Sua beleza física e estado civil atraíram a atenção de um dos
vários senhores da guerra (Bar-Rexes) com os quais tínhamos de lutar naqueles
dias. Minha mãe acabou por se tornar parte da família daquele canalha, e me
deram à irmã de meu pai, Tee-robra, para ser criado em meio a seus quatorze
filhos. Tia Tee-robra não era fisicamente atraente e não tinha companheiro
permanente, mas conhecia e ensinava os métodos de tecelagem e fabricação de
tendas finas, bem como as artes da guerra a seus filhos e a muitas outras
pessoas que a procuravam.
Nossas perambulações eram governadas
pela relva que crescia às margens dos cursos de água alimentados pelo
derretimento sazonal das calotas polares e pelas pesadas nevascas de inverno
que caíam nas montanhas.
Era necessário cerca de três meses terrestres para conduzir nossos rebanhos
de carneiros (quase duas vezes maiores do que qualquer raça encontrada na Terra
hoje), cabras, burros e camelos (do tipo dromedário, de uma corcova) para os
pontos de travessia que nos permitiam transpor os cursos de água e inverter a
direção em que viajávamos. Os que fossem pegos atravessando cursos de água fora
do ponto autorizado pelo Bar-Rex local podiam esperar a morte ou a escravidão
pelo resto da vida.
Duas vezes por ano, as viagens para o sul de minha tribo nos levavam a uma
dessas pontes autorizadas que atravessava um curso de água; a que estávamos
atravessando era a hi, ou fortaleza, do Bar-Rex que era o protetor de minha mãe
naquela época. Tivemos de batalhar contra outro Bar-Rex no fim de nossa viagem para
o sul. Nessas ocasiões, a tribo pagava taxas, e os homens jovens eram
considerados possíveis candidatos ao serviço militar. Nem sei quantas vezes a
influência de minha mãe me salvou de ser selecionado quando cruzei a hi do
norte.
Como nasci quando a tribo estava viajando para o sul, usei um cordão de
contas vermelhas no pescoço até a idade de mais ou menos cinco anos terrestres;
a partir de então, as contas foram substituídas por urna tatuagem no ombro
direito representando um círculo com um ponto em sua circunferência, indicando
o ponto em nosso itinerário de viagem no qual eu nasci. A criança que nascesse
durante uma viagem para o norte usava contas brancas até a idade de cinco anos
e então recebia o mesmo tipo de tatuagem no ombro esquerdo. Por acordo mútuo, o
Bar-Rex da hi do sul poderia reivindicar somente quem tivesse tatuagem no ombro
direito para executar qualquer forma de serviço físico, enquanto o Bar-Rex do
norte podia reivindicar apenas os que tivessem tatuagem no ombro esquerdo.
A hi do norte era um ponto onde se reuniam seis vias fluviais, ao passo que
na hi do sul se juntavam apenas três vias fluviais. Isso significava que o
Bar-Rex da hi do norte tinha seis tribos sob seu poder. Ele era um velho
guerreiro rude que andava no meio do povo, trocando histórias obscenas. Eu
gostava dele e de seu filho mais velho, que ele chamava de seu “chicote,” e
tinha inveja de quem usava contas brancas, pois algum dia estaria a seu
serviço.
Afastei-me da tribo durante dois anos e fiquei algum tempo nas colinas,
evitando as patrulhas militares do sul e visitando de vez em quando as jovens
das tribos Burr. Os Burrs pagavam tributos a inúmeros Bar-Rexes na forma de
cereais, frutas e artigos manufaturados de metal. Isso os livrava do serviço
militar, mas não impedia que seus jovens roubassem os rebanhos da tribo Shem
quando lhes dava na cabeça. Meu pai foi morto numa dessas incursões dos Burrs.
As patrulhas militares descobriram, por intermédio dos pais contrariados de
várias de minhas namoradas, que havia um Shem desgarrado andando no meio deles
de vez em quando. Não dá para confiar no silêncio de uma Burr. Voltei para a
tribo e em virtude da intercessão de minha mãe, escapei de qualquer castigo
devido à minha ausência de mais de dois anos.
Minha mãe deu à luz uma filha do Cap-tonelarber, o Bar-Rex da hi do sul,
uma verdadeira princesa que foi chamada de Wren-Shanna. Tempos depois, eu e
Wren-Shanna nos tornamos grandes amigos, e recentemente, em nossa vida atual,
visitamos o local do primeiro nascimento dela. Vestidos com roupas protetoras,
ficamos entre as antigas ruínas quase irreconhecíveis da fortaleza do pai de
Wren-Shanna. Enquanto uma tempestade de areia violenta rugia a nosso redor,
recordamo-nos das coisas boas daquele tempo.
Minha mãe conseguiu, com seu sacrifício, que eu desfrutasse várias
temporadas preciosas, que gastei sob a tutela de So-Socrey, um curandeiro
tribal de grande sabedoria. Era um bom amigo de tia Tee-robra e provavelmente a
única pessoa no universo que conseguia beber mais do que ela. Foi com ele que
me escondi nas colinas até finalmente voltar para a tribo durante a jornada
para o sul. Foi também ele quem me ensinou os valores medicinais das plantas e
o que sabia dos métodos dos elohins, como orar pedindo sua assistência mágica e
quando era conveniente fazê-lo. Certa vez, So-Socrey testou meu conhecimento do
que me ensinara me descendo num poço cheio de cobras venenosas para colher
bulbos de uma planta do tipo do cactos. Consegui levar os bulbos e sobrevivi,
tornando-me uno com a realidade das serpentes em seu nível de vida universal.
Depois ele fez um chá dos bulbos e o tomou. Então, ficou muito alterado e
passou a fazer uma demonstração de como conseguia urinar na cor que bem
quisesse. Quando ele produziu uma corrente infinita de fogo, percebi que ainda
tinha muito a aprender. Atualmente, consigo duplicar as mudanças de cores
(amarelo é fácil), mas nunca encontrei a coragem necessária para tentar
duplicar o rio infinito de fogo de meu mentor.
Chegou o dia em que o Tane (o supervisor militar) do Bar-Rex e dois de seus
novos recrutas começaram a me procurar durante uma travessia da hi. Ele deveria
ter trazido todo seu exército. Coloquei em prática os ensinamentos de tia
Tee-robra e de So-Socrey e estropiei fisicamente meus indesejáveis futuros amos.
Depois de vários dias sendo perseguido por toda a região da hi, acabei por ser
vencido pelo número - e por um apelo de minha mãe para me entregar e parar de
ferir outros perseguidores que, em alguns casos, haviam sido meus companheiros
de brincadeiras em outros tempos.
Eu era considerado um solitário e fazia muito poucos amigos. Era também
considerado um pouco louco e perigoso. Fui incumbido de juntar-me a uma
patrulha de camelos que viajava para o norte para ficar de olho nos rebanhos
que atravessavam o curso de água na direção sul, rumo à hi de meu amo. Foi
durante essa época que alguns de meus camaradas de armas e eu aprendemos com um
velho veterano a nadar. Ansiávamos pela comida, pelas histórias contadas ao
redor da fogueira do acampamento e pela companhia feminina que o outro lado da
via fluvial nos oferecia de bom grado.
A Terra, quando ficava mais próxima de Marte, parecia um pouco maior do que
uma lua cheia avistada da Terra. Quando sua órbita se aproximava mais de Marte,
o planeta Vênus parecia ter um quinto do tamanho da Lua vista pelo mesmo
ângulo. Os radiares, que naquela época funcionavam plenamente, conhecidos de
vocês como os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno refulgiam no céu
noturno. Sob as estrelas e a luz derramada pelos corpos planetários de nosso
sistema solar, os membros da patrulha sentavam-se em nosso acampamento e
especulavam sobre a existência de alguma forma de vida em outro lugar do
universo. (Não consigo deixar de contar uma mentirinha e dizer que tínhamos
certeza de que a Terra era habitada por homenzinhos verdes e mulheres púrpuras
gigantescas.) Alguns de meus camaradas enumeravam antigas lendas e histórias e
se recordavam de sangrentas escaramuças com soldados de outras fortalezas que
haviam se aventurado a ir longe demais em nosso território, ou quando uma
patrulha de nossa hi natal entrou na jurisdição de outro Bar-Rex. Havia também
narrativas de guerras de grandes proporções acontecidas entre os Bar-Rexes, e
que haviam determinado o atual status dos vários senhores.
Entre as histórias, havia uma que falava da existência de misteriosos
gigantes com máscaras prateadas, vestidos de púrpura que velejavam, em trenós
para areia, nas areias vítreas que se iniciavam a muitos quilômetros das
estradas cobertas de relva. Mesmo os mais corajosos Bar-Rexes temiam um
encontro com esses gigantes que se dizia viver nas vertentes da montanha
sagrada chamada Darren. (Essa montanha vulcânica é chamada Monte Olimpo pelos
habitantes da Terra atual.) A representação dessa montanha com dois raios ao
fundo é o emblema que identifica nossas espaçonaves e outras coisas que
necessitam de tal identificação.
RANCER-CARR, O ZONE-REX
Desde tempos muito antigos, uma pessoa muito especial ocasionalmente se
manifesta com grande autoridade espiritual, que alguns Bar-Rexes obedecem de
boa vontade e outros são forçados a obedecer. Tal pessoa se chama um Zone-Rex.
Em minha primeira vida, essa pessoa, na forma de um jovem que era filho de
um mineiro de cobre Shem (profissão exercida com licença especial) recebeu
ordens dos gigantes de máscara prateada de governar e guiar espiritualmente
todos os que viviam sobre nosso mundo. Esse homem vive hoje e tem o nome de
Rancer-Carr. Nunca encontrei ou vi Rancer-Carr em minha primeira vida. Mal
sabia eu em minha primeira vida que formaríamos um relacionamento nesta vida
atual, pois em Marte vivi apenas aquela primeira vida. Cada vida depois dessa
(e houve muitas) foram passadas nos confins da Barreira de Freqüência do
planeta Terra. Embora atualmente Marte seja inóspito à vida sem a utilização de
equipamentos artificiais de sustentação de vida, fico muito feliz em poder
visitar meu mundo natal sempre que posso.
Minha vida mudou depois que ganhei de presente de minha mãe uma bela
armadura de couro de cor vermelho-sangue. Ela me rendeu um número considerável
de comentários invejosos e zombarias de alguns de meus camaradas, então decidi
não usá-la na presença deles. Eu vestiria a armadura quando voltasse para a
fortaleza, assim minha mãe ficaria contente. Uma vez, dei por falta de minha
armadura e fiquei furioso. Procurei o homem que eu suspeitava ter roubado minha
propriedade e lutamos até que ele acabou morrendo. Só mais tarde descobri que
ele tinha tirado a armadura para me pregar uma peça. Fui colocado a ferros,
aprisionado e depois sentenciado à morte.
Certa manhã, fui levado à presença do Bar-Rex e de minha mãe. Também faziam
parte do grupo três estranhos homens de cabelos brancos vestindo roupas
idênticas feitas não de lã, e sim de um material com um tipo de trama que eu
nunca vira. As palavras que eles disseram uns aos outros soavam estranhas. Um
se aproximou de mim e tocou minha testa com uma vara cintilante e tudo ficou
preto.
Despertei com uma grande dor de cabeça, em meio a centenas de personagens
esquisitos que, para mim, pareciam na maior parte serem pequenos como crianças.
Eu não conseguia entender o que estavam falando e em alguns casos eles não
conseguiam entender uns aos outros. Parecíamos estar em uma caverna em meio a
caixas de metal, e as paredes emitiam uma suave luz estranha. Os homens de
cabelos brancos nos deram água e uma comida que eu nunca provara. Depois de
certo tempo, aprendi a gostar da comida e ficava esperando que fosse
distribuída.
Pouco a pouco, passou a haver comunicação entre os diferentes tipos de
“baixotes,” e consegui entender o fato de que ninguém sabia onde estávamos ou o
que estava nos acontecendo. Perdemos a noção do tempo.
(continua...)
Postagem para o blog Cura Quântica Estelar
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