terça-feira, 17 de abril de 2012

Historias sobre Maldek: SHARMARIE - UM MARCIANO Final




Histórias de Maldek e o Sistema Solar

"THROUGH ALIEN EYES - Através de Olhos Alienígenas", escrito por Wesley W. Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO.




SHARMARIE - UM MARCIANO PARTE FINAL





VIDAS SOBRE O PLANETA TERRA

Nós, do “estado mental irrestrito aberto,” (não sujeitos à Barreira de Freqüência do planeta Terra) somos capazes de recordar todas as vidas que já experienciamos. Para nós cada vida constitui, na verdade, uma parte de uma única vida contínua, sem as interrupções das descorporificações. Embora isso seja verdade para uma pessoa que vive no estado mental aberto, não é o caso para os que vivem no “estado mental fechado” existente na Terra hoje e que prevaleceu no planeta por centenas de milhares de séculos.
Eu fiz uma comparação dos dois tipos de estados mentais para que vocês entendam que toda e cada vida por mim experienciada na Terra desde que o planeta foi submetido à nociva Barreira de Freqüência foi vivida, em grande parte, sob as mesmas condições mentalmente restritivas (com pouquíssimas exceções) às quais está sujeita hoje uma pessoa da Terra. Portanto, cada vida que vivi na Terra (e foram centenas) se iniciou e se encerrou comigo ignorando o fato de que já vivera e certamente viveria repetidas vezes na forma física humana.
Das centenas de vidas por mim vividas na Terra no passado, várias (cerca de cinco) se destacam. Descreverei essas vidas resumidamente na ordem em que ocorreram. Algumas delas separaram-se por milhares de anos e variaram em duração de 14 a 534 anos.




Figura 6.6 - Pedaço de sola de sapato encontrado
em rocha do Triássico em Nevada.
O Triássico data de 213 a 248 milhões de anos passados.


O PRÍNCIPE

Foi há tanto tempo, no passado, que especificar uma data exata colocaria em dúvida a sua e a minha credibilidade nas mentes dos que são considerados (ou acham que são) autoridades na pré-história da Terra. Então, não darei a vocês nada que precisem defender ou perder seu tempo discutindo com gente cujas mentes estão fechadas e determinadas a acreditar o contrário. Garanto-lhes que, por vários motivos, é impossível identificar registros físicos de qualquer tipo relativos a esta antiga civilização, a menos que se considerem como provas os parafusos para metais e objetos feitos à máquina encontrados em depósitos de carvão antracito.
O nome de meu pai era Agrathrone. Minha mãe, Merthran, foi uma de suas centenas de mulheres. Fui o 670 de 182 filhos. Tinha praticamente o dobro de meias-irmãs e duas irmãs. Fui chamado Urais. Meu pai era mais do que imperador; era venerado como um deus por seus súditos. Como eu era seu filho, era também considerado uma divindade, assim como todas as suas mulheres e os outros filhos.
Naquela época, o reino de meu pai cobria quase um terço da superfície da Terra, mas ele tinha planos de governar cada centímetro quadrado. A capital do império localizava-se na região norte do país atualmente denominado Tailândia.
Meu pai tinha aliados secretos (deuses) que, de vez em quando, faziam visitas descendo em ovos prateados que vinham dos céus. Desde quando era bem criança, eu temia sua chegada, assim como todos na casa real. Eles traziam injeções imunizantes e comprimidos que éramos obrigados a tomar.
Vários dias depois de tomar as injeções, o pessoal da casa ficava preso de medo, pois às vezes um ou mais de nós morria em conseqüência de uma reação violenta. Caso morresse uma criança, sua mãe em geral também morria. Se uma criança morresse e a mãe não, ela era executada imediatamente. Para meu pai e os deuses celestiais, essas mortes significavam simplesmente que os que morriam tinham uma constituição biológica inferior, incompatível com seus planos de produzir uma raça, biologicamente, superior totalmente resistente a qualquer tipo de infecção ou doença.
Eu estava no final da adolescência, quando descobri que havia um plano de, mais cedo ou mais tarde, infectar e matar todos os outros seres humanos do planeta com armas biológicas que não prejudicariam as pessoas do império que houvessem sido, biologicamente, selecionadas como superiores (só para começar) e tivessem recebido as imunizações ao longo de vários anos. Quando as pessoas sobreviviam a uma injeção, é claro que se sentiam aliviadas, mas a cada vez que sobreviviam a uma injeção, também começavam a sentir que eram de fato cada vez mais superiores aos outros seres humanos não-imunizados. Eu não era nenhuma exceção.
Os deuses celestiais estavam sempre vestidos com roupas protetoras e espreitavam para o mundo interior de elmos transparentes que lhes envolviam totalmente as cabeças. Suas visitas semi-anuais nunca duravam mais de umas poucas horas. Certo dia, eles chegaram em mais de 30 ovos prateados no mínimo 50 vezes maiores do que os que eu já vira. Transportavam uma carga de veículos e máquinas que, ao ser desembarcada, cobriu centenas de acres. Naquele dia, o império de Agrathrone, instantaneamente, passou de uma sociedade movida a carros-de-boi para um nível técnico que assombraria os físicos mais imaginativos da Terra de hoje.
Meus irmãos e irmãs estavam reunidos com outros membros de casas nobres, então um deus celestial caminhou em meio a nossas fileiras fazendo seleções por razões que, naquela hora, não nos eram claras. O deus celestial, que ficou diante de mim e me selecionou tocando meu peito, era um belo homem que batia a ponta da língua contra o meio do lábio superior. Falou-me mentalmente, dizendo: “Você vai se dar muito bem, marciano. Sim, vai se dar muito bem.” Não sabia o significado do nome pelo qual ele me chamou (a denominação “marciano” é usada apenas para corresponder às referências do leitor). Foi embora rindo, deixando-me com uma dor de cabeça latejante.
Aqueles dentre nós que haviam sido selecionados (tanto homens como mulheres) foram indicados para veículos que, segundo nos disseram, podiam voar pelo ar. Tinham formato cilíndrico, com cerca de 11 metros de comprimento e diâmetro de aproximadamente 3,6 metros e exterior verde-oliva. Deram-nos manuais de operação escritos em nosso idioma nativo. A instrução no capítulo final do manual era: “Quando tiver certeza de que consegue operar o veículo, faça-o.”
Não fui o primeiro de meu grupo a tentar voar. Foi engraçado observar um de meus irmãos ou irmãs se elevar do solo alguns metros e trombar com os veículos de um ou mais dos outros novatos. Ao aterrissarem eles discutiam e se acusavam de serem os causadores da colisão.
Quando tentei voar pela primeira vez, foi fácil; era como se sempre houvesse sabido. Meus sonhos, daquele momento em diante, ficaram repletos de vôos na garupa de motonetas voadoras ou em aeronaves cheias de gente de cabelos brancos.
Eu gostava da emoção de voar e me aventurava a centenas de quilômetros da capital às mais altas e baixas altitudes permitidas pelo regulador automático de altitude. Muitas vezes, desejei ser capaz de me elevar a altitudes cada vez maiores até alcançar a terra dos deuses celestiais. As vezes, levava comigo um menino (no início da adolescência) nos meus vôos práticos. Na época, pensei que ele fosse meu filho natural. (Só na minha vida atual vim descobrir que o menino era, na verdade, filho da primeira de minhas três mulheres e um de meus irmãos mais novos. Não faz diferença, amava-o naquela época como o amo agora.)
Meus vôos nunca nos levavam para muito longe de minha base natal. O motivo era que os vilarejos e cidades estavam cheios de gente não-imunizada de casta inferior que não podiam fornecer nem a mim nem a meus passageiros a comida e as acomodações condizentes com nossa tão nobre posição. Era interessante ver as expressões espantadas em seus rostos camponeses quando voávamos lentamente e passávamos a apenas alguns metros sobre suas cabeças. Alguns chegavam mesmo a morrer de choque.
Foi na primavera de meu segundo ano como piloto que um irmão mais velho, de nome Jasaul, e eu fomos convocados por meu pai. Ele e seus conselheiros estavam seriamente preocupados com um boato que chegara à corte. Ouviram dizer que Mokaben, governador de uma província distante, ocasionalmente fora visto tremendo. Ordenaram-nos que voássemos até a província para descobrir se isso era verdade. Se fosse, devíamos executar Mokaben e substituí-lo por Jasaul como governador daquela terra. Jasaul era um homem atarracado com um rosto redondo, que ele gostava de esconder por trás de uma barba grosseira e áspera. Não sabia pilotar carros aéreos. Era por essa razão, é óbvio, que precisavam de meus serviços. Jasaul era muito inteligente, fascinava a todos com seus conhecimentos.
Saímos da capital de nosso pai com uma frota de oito carros aéreos. Alguns desses carros levavam alimentos especiais e outros estavam abarrotados de serviçais.
A viagem durou cerca de dois dias e meio (perdemo-nos várias vezes), e chegamos na terra de Toray à noite. O ponto de referência que identificava nosso local de aterrissagem era uma grande pirâmide cujos lados de calcário branco muito bem polido refletiam, brilhando, a luz de uma lua quase cheia.
Havia lâmpadas elétricas acesas abaixo de nós, e conseguíamos ver no solo muitos homens fazendo-nos sinais frenéticos para que nos afastássemos da estrutura resplandecente. Nem todos os pilotos de nossa esquadrilha entenderam a mensagem a tempo. Suas naves, primeiro oscilaram de maneira instável, a seguir caíram na relva alta que crescia às margens do rio vizinho. Perdemos quatro carros aéreos dessa maneira, e todos os seus ocupantes morreram.
Como vocês já devem ter percebido, a terra que naquela época chamávamos Toray incluía a região conhecida hoje como Egito. A pirâmide e o rio eram, naturalmente, o que vocês denominam respectivamente de Grande Pirâmide de Gizé e o rio Nilo, que ainda hoje existem nessa terra.
Quando nos encontramos com Mokaben, ele não se esforçou para ocultar o fato de que seus tremores duravam até dez minutos, aproximadamente. Ele não tinha dúvidas sobre a razão de estarmos ali. Disse-nos que, nos 143 anos em que governara a terra de Toray, tivera de executar muita gente que contraíra a doença dos tremores. Jasaul e eu comparamos o registro de imunização de Mokaben com os nossos próprios e observamos que eram idênticos. Em sua opinião, a doença era causada por algum efeito gerado pela Grande Pirâmide. Mokaben reivindicou seu direito, na qualidade de nobre, de tirar a própria vida, e concedemos seu pedido. Ele acrescentou que, de qualquer forma, era um homem condenado, pois enfurecera os deuses celestiais ao não impedir o roubo (cinco dias antes de nossa chegada) do cume de cristal da Grande Pirâmide.
Naquela noite, fui apresentado a outro dos prodígios dos deuses celestiais. Jasaul mostrou-me uma caixa que lhe permitia conversar com nosso pai como se ele estivesse presente na mesma sala (tratava-se, de fato, de um rádio transmissor e receptor). Meu pai instruiu Jasaul a conservar o corpo de Mokaben, pois os deuses celestiais desejavam examiná-lo (fazer uma autópsia). Jasaul solicitou e obteve permissão para mudar a sede de governo de Toray o mais longe possível da Grande Pirâmide.
Vários dias depois, saí de Toray a caminho de casa acompanhado de dois dos carros aéreos restantes. Jasaul ficou com um dos carros e um piloto. Um dos carros aéreos de minha esquadrilha levava a múmia e os órgãos removidos cirurgicamente de Mokaben.
Os dois terços restantes da superfície da Terra eram governados por centenas de diferentes reis que eram aliados a doze imperadores que, por sua vez, mantinham forte aliança entre si. Depois de muitas décadas de guerras primitivas (levadas a cabo com espadas, lanças, arcos e flechas) entre esses imperadores e meu pai, a situação estava num impasse. Esse estado de coisas era algo que meu pai e seus amigos deuses celestiais definitivamente planejavam modificar; esta era a base de seu plano diabólico. Vencer fisicamente o outro povo da Terra não fazia parte do programa dos deuses celestiais, pois não tinham necessidade alguma daqueles que consideravam racialmente (biologicamente) inferiores.
Aproximadamente dois anos depois de Jasaul se tornar governador de Toray, meu pai começou a enviar carros aéreos em missões que os levavam a sobrevoar as terras de seus adversários. Tratava-se de missões de treinamento destinadas a familiarizar os pilotos com os pontos geográficos sobre os quais um dia eles lançariam suas bombas biológicas. As populações dessas terras nada podiam fazer além de brandir os punhos na direção de nossos carros aéreos que, normalmente, jogavam dejetos humanos nelas, simulando um bombardeamento. Foi no decorrer desses exercícios de treinamento, que recebi uma mensagem de Jasaul dizendo-me para ir visitá-lo com mais seis de meus irmãos mais velhos, de quem deu os nomes. Não tivemos dificuldades para receber permissão de nosso pai para fazer uma visita de uma ou duas semanas a Jasaul.
Depois de vários dias bebendo vinho e nos banqueteando, Jasaul pediu para falar em particular comigo. A história por ele contada foi, a princípio, desconcertante. Contou-me sobre os outros deuses celestiais que o haviam visitado e o convenceram de que o plano de nosso pai de destruir os não- imunizados da Terra estava errado e atrairia sobre nós não apenas a ira deles, como também a ira do poder divino que criara o próprio mundo. Acreditei nele, assim como quatro de meus seis irmãos. Os dois, que julgaram que deveríamos permanecer leais a nosso pai, não se reuniram a nós para o desjejum na manhã seguinte.
Os deuses celestiais de Jasaul propuseram que retornássemos a nosso lar com um aparelho que, uma vez ativado em meio ao arsenal de bombas biológicas, iria secretamente neutralizá-las. Quatro dias depois, esse aparelho foi colocado, cumprindo muito bem sua tarefa. Quando chegou o dia de serem usadas, cerca de sete meses depois, as bombas foram carregadas nos carros aéreos.

Mas ao serem lançadas, simplesmente preenchiam os céus com tufos iridescentes de fumaça que brilhavam à luz do sol. Meu pai e seus deuses celestiais ficaram furiosos e se apressaram a produzir mais bombas (um trabalho obviamente demorado, mesmo para os deuses.)
O estranho desaparecimento dos dois irmãos que não retornaram conosco de Toray, e o comportamento estranho, carregado de culpa exibido por vários de meus irmãos conspiradores (que àquela altura estavam sendo mentalmente torturados pelos deuses celestiais para confessar) logo revelaram quem entre nós era responsável pela sabotagem.Tínhamos previsto que seríamos descobertos, assim fugimos juntos em carros aéreos para a terra que vocês conhecem agora como Japão (naquela época ligada ao continente que vocês denominam Ásia). Mais tarde, Jasaul juntou-se a nós. Nossos três carros aéreos, por um motivo que desconhecíamos, mais tarde pararam de funcionar e, ao longo dos vários anos que se seguiram, gradualmente se desintegraram até se tomarem montes irreconhecíveis de metal em pó.
Finalmente, recebemos a notícia de que nosso pai e seu império já não existiam. O fim de seu reinado ocorreu imediatamente depois que os dois tipos de deuses celestiais antagônicos batalharam entre si em algum local dos céus a grande distância do planeta. Tornou-se impossível operar as máquinas de guerra e os carros aéreos de nosso pai, e ele foi atacado de surpresa pelas forças aliadas dos outros doze imperadores.
Posteriormente, fomos visitados por um representante do imperador em cujo território estávamos vivendo. Disseram-nos que não temêssemos, que mal algum nos atingiria, pois éramos considerados grandes heróis que estavam sob a proteção dos deuses celestiais benevolentes.
Vivi até os 534 anos de idade e morri serena-mente enquanto dormia.
Alguns séculos depois, a Barreira de Freqüência mudou drasticamente para pior e os povos da Terra ficaram mais uma vez sujeitos a graus consideráveis de deterioração biológica.



Figura 6.7. Tubo metálico encontrado em Saint-Jean de Livet, França, em um leito de greda de 65 milhões de anos.

MAIS UMA ERA DOURADA

Há aproximadamente 29 mil anos, o local que eu chamava de lar se estendia dois mil quilômetros ao sul do lugar que vocês chamam agora de Flórida.Outra parte do reino prolongava-se cerca de mil e trezentos quilômetros ao sul da península Ibérica (Portugal e Espanha). Denominávamos as partes da terra separadas pelo oceano de Fe-Atlan e Ro-Atlan, respectivamente (ou seja, Atlan do Norte e Atlan do Sul). Uma parte do sul da Inglaterra, na época, ainda se ligava ao continente da Europa. Hoje, na Terra existem lendas sobre esse reino. Vocês chamam o reino que é tema dessas lendas de Atlântida. Tínhamos colônias nas terras por vocês chamadas de Egito, Bretanha e Finlândia.
O restante do mundo era nossa reserva de caça, repleta de animais e tipos subumanos remanescentes do último período de trevas causado pela então imprevisível Barreira de Freqüência. Esses subumanos eram o que vocês denominam agora povos pré-Neanderthal, Neanderthal e Cro-Magnon. Meu povo tinha um vínculo biológico com este último. Os Cro-Magnons podiam ser treinados e eram utilizados para trabalho escravo, principalmente nas minas de Ro-Atlan situadas no norte longínquo.
Nós, do povo atlaneano, não precisávamos do auxílio de extraterrestres ou de deuses celestiais (que sabíamos existir) para desenvolver uma altíssima tecnologia que incluía espaçonaves, rádios sem fio, televisão, computadores, energia nuclear e inúmeras outras formas de tecnologia que utilizavam cristais especialmente cultivados e energia psíquica humana transmitida através dos níveis superiores do campo vital universal. A telepatia mental era empregada com facilidade, mas era praticada de maneira sábia e não irrestritamente, de modo que a força vital que deveria ser gasta nesse trabalho não se perdesse. Mesmo assim, os sacerdotes regularmente travavam conversas mentais com os extraterrestres. Estes nos disseram que se mantinham fiéis a uma lei chamada Diretriz Primeira que proibia a interferência no desenvolvimento natural de uma cultura planetária. Eles realmente pediam permissão para visitar a superfície do planeta de vez em quando para colher amostras de várias plantas e animais, O sacerdote concedia-lhes permissão para fazê-lo.
Nasci cerca de 723 anos depois do início da chamada Era Dourada. Poucos foram abençoados com a capacidade biológica de se adaptar a essa pequena calmaria temporária no curso da Barreira de Freqüência ou dela se beneficiar. Meu nome era então Socrantor, o jovem, nascido de Rosey (minha mãe) e Socrantor, o velho (meu pai). Eu tinha um irmão mais novo chamado Macrantor.
A moeda de Atlan consistia em gemas e cristais preciosos sintéticos que podiam ser produzidos por meio de processos secretos conhecidos apenas pelo rei e pelos sacerdotes, O acúmulo de riquezas era a meta de todos os atlaneanos.
Meu pai era capitão de um navio para pesca oceânica que também caçava animais de pêlo como lontras e focas. A riqueza que adquiriu permitiu que ele comprasse para meu irmão uma posição no sacerdócio e para mim um posto inferior no exército do rei. Meus primeiros deveres incluíam escoltar e proteger grupos de nobres em excursões de caça em regiões localizadas em qualquer continente que se possa imaginar. O animal caçado era, em geral, a criatura peluda parecida com um elefante que vocês chamam de mastodonte.
Em uma dessas excursões de caça na Ásia Central, eu estava prestes a me recolher à noite quando um dos nobres chamou a atenção do grupo para uma espaçonave extraterrestre, que passou lenta-mente sobre nossas cabeças e aterrissou a pouca distância. Fizemos comentários sobre o tamanho imenso do veículo, e um de nós disse: “Vamos dormir. Eles não vão nos incomodar e não vamos incomodá-los.” Outro disse que queria que nós, atlaneanos, tivéssemos tal veículo para podermos viajar pelo espaço e visitar outros mundos. Outro nobre garantiu-lhe que algum dia teríamos.
Do interior de minha tenda, vi uma luz branca suave girando na parte superior da nave alienígena. Seu ritmo pulsante prendeu minha atenção. Ela passou a pulsar rapidamente até que me senti entrando num estado de consciência que não conseguia evitar, mesmo com toda minha força de vontade reunida. Ouvi então uma voz falar comigo telepaticamente: “Sharmarie, então você está aí, velho amigo. Talvez não se lembre de mim agora, mas nós nos conhecemos em tempos passados. Sou Reyatis Cre’ator. Quem me dera levar você conosco quando partirmos, mas não tenho o sinal positivo de orientação divina autorizando-me a fazê-lo. Lamento muito isso. Tente se lembrar deste contato mental, e tente lembrar-se de mim. Talvez possamos nos falar mentalmente no futuro. Tenho muito para lhe contar. A Senhora Cre’ator está de volta para nós, do estado aberto.”
Lembrei-me do contato mental daquela noite, mas não me lembrei daquele que chamava a si mesmo Reyatis Cre’ator. Naquela noite, sonhei com espaçonaves e gente de cabelos brancos, bem como com carros aéreos, injeções doloridas e deuses celestiais que usavam elmos e batiam a ponta da língua no centro do lábio superior.
Durante cerca de doze anos depois daquela noite, tudo deu certo em minha vida. Recebi um posto mais graduado na hierarquia militar e casei com uma mulher chamada Toriata. Não tivemos filhos. Então, algum gênio atlaneano propôs a idéia de perfurar dois orifícios enviesados na Terra, utilizando várias detonações nucleares sucessivas. Um desses orifícios foi iniciado no Iraque, e o outro no Peru. Ele calculara que, se conseguisse atingir o magma do planeta, poderia obter um dos ingredientes usados pelos extraterrestres para propulsionar suas espaçonaves, permitindo ao povo das duas Atlans viajar pelas estrelas. A energia extraída do âmago seria armazenada em grandes cristais abrigados no subsolo tanto de Fe-Atlan como de Ro-Atlan. Não era nada fácil ignorar os terremotos, os maremotos e erupções vulcânicas provocados por essas explosões nucleares, tampouco a maneira maluca de sentir e agir que os povos das duas Atlans passaram a exibir. O gênio perdeu o controle de seu projeto, e seu transmissor continuou a enviar a energia do âmago para os cristais armazenados. As duas Atlans e seus povos literalmente vibravam em imensas nuvens de poeira e cinzas vulcânicas, que cobriam a Terra e impediam que o sol a aquecesse, provocando assim, o início da primeira Era Glacial da Terra.
O oceano cobriu outras partes da terra que não foram desintegradas e as duas Atlans desapareceram. Eu tinha 52 anos quando essa catástrofe ocorreu e tirou minha vida. Onde fica a Atlântida? A resposta: em toda parte.

SOLDADO DE ESPARTA

Meu nome era Rembelyan. Nasci no ano de 462 a.C., filho de Menneva e Artaclean, respectivamente minha mãe e meu pai. O local era a cidade-estado da antiga Grécia chamada à época, como agora, de Esparta. Tinha três irmãs. Quando tinha oito anos, fui tirado de meus pais (com seu consentimento espontâneo) para viver com outros meninos de minha idade em quartéis do estado, onde treinávamos para ser soldados.
Fomos treinados, em primeiro lugar, no manejo das fundas, usadas contra qualquer adversário que houvesse sobrevivido às flechas de nossos arqueiros de longo alcance e estivesse chegando muito perto. Na verdade, nos postávamos logo atrás dos arqueiros de curto alcance, arremessando nossas pedras sobre suas cabeças, então corríamos feito loucos para a retaguarda de nossos próprios atiradores de dardos e lanceiros que avançavam. Um sábio general propôs que os atiradores de dardos que estivessem avançando poderiam carregar com eles aljavas de flechas que deviam ser entregues a qualquer arqueiro que passasse correndo e as apanhasse. Nunca conseguimos que os atiradores de dardos carregassem bolsas de pedras para nós, fundeiros. Antes de fazer dez anos, eu já experimentara a guerra muitas vezes. Quando tinha 14 anos, era perito em dardos e aos 19, era considerado ótimo espadachim. Para conseguir chegar aos 19 anos nessa profissão era preciso ser ótimo matador e não se deixar matar.
Eu gostava de cavalos e mulheres. As mulheres dos vencidos eram sempre parte do pagamento do soldado vitorioso. Os cavalos capturados pertenciam ao estado e eram cavalgados apenas pelos superiores. Os cavalos tinham de receber alimentos, água, de ser tratados e selados. Naquele tempo, as selas espartanas não tinham estribo, até que, certo dia, um de nossos arqueiros abateu um cavaleiro cita (povo nômade do norte da Europa e Ásia, hoje) e capturou sua montaria, que estava com uma sela com uma dessas invenções maravilhosas. Por que eu não pensara nisso? Como disse, apenas os homens de altos postos andavam a cavalo.
Esparta não dispunha de cavalaria porque o soldado comum passava por maus bocados para ficar montado nas bestas, quando elas começavam a galopar. O uso do estribo permitiu a formação da primeira cavalaria espartana. Fui selecionado como membro desse ilustre grupo que, a princípio, tinha 30 homens e, com o tempo, deu origem a nove grupos de 360 homens cada um. Aprendi a montar muito bem e acabei incumbido de ensinar os outros a lutar montados nos animais, bem como quando lutar e como desmontar de um cavalo ferido, evitando assim, ficar preso debaixo dele quando ele caísse.
No ano 432 a.C., iniciou-se o que ficou historicamente conhecido como a Guerra do Peloponeso, entre Esparta e a cidade-estado de Atenas. Eu tinha por volta de 30 anos na época. Àquela altura, os atenienses contavam com uma cavalaria de tamanho considerável, bem como com selas com estribos. Descobri em minha vida atual que a guerra durou 27 anos, terminando com a derrota dos atenienses pelos espartanos que, assim, obtiveram a hegemonia na Grécia. Fui morto na primeira batalha dessa guerra, montado num cavalo, pelas flechas provenientes de meus próprios arqueiros (creio que isso se denomina fogo amigo). O chefe dos arqueiros não calculou muito bem o ângulo de fogo e, naquele dia, mandou muitos bons cavaleiros espartanos numa jornada para a terra além do rio Estige (na mitologia grega, o rio que percorre a região infernal).

SOLDADO DE ROMA

Eu era Granius, nascido de um homem livre de nome Robarius e de sua mulher escrava Sheila. Foi em 236 a.C. O local era a vila agrícola de Utherium, situada a cerca de 112 quilômetros ao norte de Roma. Quando eu tinha uns oito anos, meu pai me pôs a serviço, por cinco anos, de um construtor de estradas, seu amigo. Eu não era tratado como escravo, e sim mais como um filho que precisava muito receber educação. Educação que adquiri, em especial quando se tratava de projetar e construir pontes. Essa arte fugia à capacidade de meu tutor Drancusus, então ele sempre precisava que viessem de Roma engenheiros construtores de pontes especiais para cuidar de qualquer problema com pontes com o qual pudesse se defrontar no decorrer da construção da estrada (em geral estradas na direção norte e sul, sempre ao norte de Roma).
Os engenheiros construtores de pontes eram homens muito eruditos que falavam um dialeto de difícil compreensão para mim no começo. Aprendi com rapidez seu falar e eles logo me empregaram para berrar suas ordens aos escravos. Vários dos pedreiros já tinham trabalhado com eles em outros serviços e conseguiam compreender o que estavam dizendo. Enquanto prestava diligente assistência aos engenheiros de pontes, aprendi a ler seus projetos e fui aceito como parte de sua bagagem, por assim dizer. Quando acabaram meus cinco anos de serviço, fui para casa e descobri que minha mãe morrera e meu pai estava muito doente. Ele morreu cerca de dois meses depois. Fui embora antes de ser vendido pelo estado como apenas mais um escravo da casa (eu não era marcado). Voltei para o grupo de construção de estradas e reassumi minha antiga posição de tradutor para os engenheiros de pontes.
Certo dia, o engenheiro-chefe veio e me disse que o exército precisava de projetores e construtores de pontes. Disse que me arranjaria esse serviço, mas o problema era que eu tinha de ficar 25 anos no exército.
Entrei no exército e me deram treinamento de soldado combatente. Estudei a construção de todos os tipos de pontes que podiam ser construídas às pressas e, facilmente, desmontadas para ser transportadas com rapidez para a dianteira das tropas em marcha ou o mais próximo possível da frente de batalha. (Tratava-se de uma tarefa e tanto.)
Em 216 a.C. , eu tinha mais ou menos 20 anos e comandava uma pequena equipe de engenheiros do exército, cerca de 75 escravos e os 40 soldados que os vigiavam. Tínhamos aproximadamente 15 carroças puxadas por cavalos que levavam nossas ferramentas para a construção de pontes. Estávamos indo para o norte sob o comando de Quintus Fabius Maximus Verrucosus ao encontro do exército do general cartaginês conhecido como Aníbal. Nosso exército travou combate com o dele e deteve seu avanço. Lutamos e, então, retiramo-nos estrategicamente para o sul rumo a depósitos de alimentos e esconderijos de armas que construíramos e estabelecêramos em nosso caminho para o norte. Destruíamos com fogo ou desmontávamos nossas pontes à medida que nos retirávamos. Mas Aníbal também sabia construir pontes com bastante rapidez.
Havia chovido durante vários dias e foi necessário abandonar minhas carroças e forçar os escravos a carregar as ferramentas. O exército já tinha se deslocado mais para o sul. Demorei muito para tomar a decisão de deixar as carroças e fomos atacados por grandes levas de cartagineses. Meus guardas escravos fugiam ou se rendiam na hora. Passaram-me um laço no pescoço e me puxaram atrás de um cavalo. Fiquei segurando a corda com as mãos até que meu corpo bateu em pedras e troncos de árvores, forçando-me a soltá-la. Ouvi os ossos de meu pescoço se quebrarem, então tudo ficou escuro. O que aprendi dessa vida foi:
não se demore para queimar suas pontes, principalmente se os cartagineses estiverem no seu encalço.

O ANASAZI

A época foi por volta de 789. O lugar em que nasci era uma habitação nas rochas dos Anasazi, cujos restos encontram-se na parte norte do que é atualmente o Arizona (Desfiladeiro de Chelly). Meu nome era Moytensa. Tinha dois irmãos mais novos de nome Rocree e Rocreenal. (Sim, sei que é como se dissesse: “Sou Larry. Este é meu irmão Darryl e este meu outro irmão Darryl.) Meus pais eram fazendeiros, assim como cerca
de 95% dos membros de nossa tribo. O restante eram caçadores que percorriam grandes distâncias, ficando ausentes durante os meses mais quentes e retornando um pouco antes do início do inverno.
Essa vida foi breve, mas relembro-a aqui para esclarecer algumas questões relacionadas aos anasazi: O que foi feito deles? Por que desapareceram de seus povoados? Viraram canibais?
Na primavera de meu décimo segundo aniversário, a terra foi assolada por gafanhotos que vieram do México e devoraram nossas plantações. O número de gafanhotos aumentou a ponto de, ao serem vistos das montanhas mais altas, parecerem um oceano vivo. Aqueles de nós que conseguiram, foram para o norte, seguidos de perto por essa praga movediça. Os doentes e velhos ficaram para trás, e sim, comeram os que morreram de causas naturais.
Os animais de caça dirigiam-se mais rapidamente do que nós para o norte, noroeste e nordeste. As tribos do norte seguiram a caça, sem saber do horror que avançava em sua direção.
A certa altura de nossas viagens, sentei-me ao lado da trilha e desmaiei, vindo a morrer de fome, embora meu estômago estivesse cheio de gafanhotos assados. Eles continham alguma substância que nos envenenou. Alguns membros de nossa tribo foram mortos ou escravizados pelas tribos do norte, enquanto alguns foram recebidos com bondade, tendo permissão de reunir-se a essas tribos como irmãos e irmãs.


Nesta vida, meu nome é outra vez Sharmarie que, em meu idioma marciano nativo significa “uma parte pequenina mas muito importante de algo muito grande” (ou, como minhas três companheiras de alma, Quandray, Rekitta e Ogalabon diriam, “uma parte grande de uma coisa pequenina e sem importância”; as mulheres realmente parecem ser todas iguais, seja lá de que mundo venham). Tenho dois filhos gêmeos com minha companheira Quandray; seus nomes são Benner e Trocker. Trocker nasceu segurando o pé do irmão, e os videntes consideram esse fato um grande presságio espiritual. Os gêmeos não tiveram vidas humanas passadas e estão atualmente com cerca de nove anos terrestres.
Nasci nesta vida há aproximadamente 315 anos terrestres, filho da mulher que foi minha mãe na minha primeira vida e de um excelente homem chamado Booke-Tasser. Booke-Tasser, que também é pai de minha irmã Wren-Shanna nesta vida, é um daqueles que em meu mundo seriam denominados Pai Ta. Seriam necessárias muitas páginas para explicar esse tipo de pai. Então, vamos deixar para lá até uma outra ocasião.
Desta vez, meu local de nascimento foi o segundo planeta do sol Cardovan, denominado Mollora. Essa estrela é a terceira em brilho das sete estrelas por vocês denominadas as Plêiades. O nome Cardovan significa em nosso idioma “Estrela de Carr.” Não se trata do nome que lhe foi dado pelos naturais de Mollora ou de outros planetas deste sistema.
Nós a chamamos de Estrela de Carr porque o Zone-Rex marciano Rancer-Carr trouxe, com o auxílio da Federação, centenas de milhares de marcianos para este sistema solar depois da destruição de Maldek para que eles pudessem sobreviver. Como sabem, Marte se mudou para uma órbita muito mais distante do sol do que sua órbita original, o que o tornou inabitável para qualquer forma de vida.
Desde meu 22 ano desta vida, fui treinado para ocupar a posição de Monitor Zero do meu povo. Equivale mais ou menos a ser vice-presidente ou segundo em comando do zone-rex. Atualmente moro, na maior parte do tempo, em uma das bases subterrâneas da Federação na Terra livres da Barreira de Freqüência.
Nesta vida, visitei muitas vezes o planeta Nodia e encontrei Reyatis e a Senhora Cre’ator. Certa vez, ela me perguntou se eu tinha aprendido a atirar direito. Ela disse, com bom humor, que eu não a acertara naquela noite chuvosa na Terra tantos anos atrás.
Quanto aos costumes espirituais marcianos, veneramos o Criador Supremo de Tudo Que É e o El de nosso próprio mundo, que sabemos aguardar ansiosamente o tempo em que nós, seus filhos espirituais, mais uma vez andaremos pelas estradas relvadas restauradas.
Nunca retornaremos à vida de pastores nômades. Expressando de maneira simples, recordo a letra de uma melodia terrestre: “Como vai segurá-los lá na fazenda depois de terem visto Paree?”
Nós, marcianos do presente, somos sofisticados demais em relação aos costumes do maravilhoso universo e prometemos juntar nossa energia a todo e qualquer um que se oponha às forças das trevas.
Quanto à Terra, tem sido um refúgio para milhões de almas vindas de seus mundos vizinhos que precisavam desesperadamente de um lugar para permanecer.
Quanto ao futuro, é meu desejo pessoal que a realidade Crística de fato se manifeste no plano do nível molar de realidade e barre qualquer necessidade de guerra entre a Federação e os seres do lado sombrio no final da Barreira de Freqüência.
Se não for esse o caso, procurem os defensores da Federação pontilhando os céus nestes últimos dias. E lembrem-se, a nave marciana terá a marca do símbolo da montanha com dois raios ao fundo. Não quero que vocês atirem pedras nos mocinhos.
Seja como for, vamos acabar com isso de uma vez por todas - quero mesmo ir para casa.

Sou Sharmarie.



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